O problema da passividade na descrição da experiência temporal da arte de Hans-Georg Gadamer
Nesse projeto, retoma-se e examina-se a experiência temporal junto à obra de arte formulada por Hans-Georg Gadamer em sua obra magna Wahrheit und Methode (1960). Examina-se de perto a terminologia empregada por ele, assim como a construção do raciocínio, para trazer à luz os detalhes dessa experiência para Dasein. Esse exame mostra que há modificações das concepções vulgares de tempo e espaço, as quais dão lugar a um “momento absoluto” (absolute Augenblick) no qual Dasein se abre ao reconhecimento (Wiedererkentniss) de si e do mundo (Welt). Por meio de comentários de Günter Figal (2021 e 2022) acerca da relação entre arte e redução, de Rudolph Bernet (1991), acerca da relação Husserl-Heidegger, assim como de Andrea Satiti (2013) acerca Husserl, propõe-se que uma reaproximação de Gadamer a Husserl por meio do conceito de Überschau permitem uma compreensão renovada acerca da experiência temporal da arte e do movimento do jogo (Spiel) elaborados por Gadamer em seu grande tratado. Trata-se de mostrar, também, que a ontologia da obra de arte e a descrição da experiência da obra de arte postas por Gadamer em sua grande obra de 1960 – apesar do entendimento geral de que mesmo tendo a ontologia hermenêutica de Heidegger como ponto de partida, penderia, ao fim, para as propostas do momento pós-Kehre daquele filósofo – traz no seu âmago as vozes do diálogo Husserl-Heidegger que teria aberto o caminho para a emergência da Seinsfrage de Sein und Zeit. Em específico, trata-se de mostrar que a apropriação da Intuição Categorial (da 6 Logische Untersuchungen de Husserl) por Heidegger se ouve em Gadamer quando ele coroa a descrição da experiência da obra de arte por meio asserção de alcance ontológico formalizada por “So ist es”.
Coordenador: Prof. Enrique Nuesch